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27/07/2020
Futebol de mesa, tradição rubra, é curtição em família durante a pandemia




JJ e Gian em ação: treinos e conversa através do botonismo (Arquivo pessoal)


Um esporte no qual dois adversários ficam, em vários momentos, a menos de dois metros um do outro, certamente terá de adotar protocolos rígidos para o seu retorno em meio à pandemia do coronavírus. Esse é o quadro do futebol de mesa, no qual o America tem muitas conquistas e projeção nacional. Na mesa montada na sala de jantar, porém, JJ e Gianluca - pai e filho - podem se enfrentar sem preocupações.

As dificuldades apresentadas pela covid-19 têm virado combustível para o impulsionamento da modalidade - literalmente - dentro de casa, projetando novamente o hábito do apaixonante futebol de botão e reforçando laços de amizade e companheirismo no núcleo familiar.

Em meados de março, o Rio de Janeiro e boa parte do Brasil passaram por uma profunda redução das atividades externas. Em prol do isolamento social, necessário para frear a velocidade e a quantidade de contaminados, escolas, estabelecimentos comerciais, escritórios e atividades de toda espécie - que não fossem consideradas essenciais - foram interrompidas ou remodeladas através do trabalho remoto. Com isso, as pessoas se viram subitamente em casa, juntas, durante o dia inteiro.

Dentre os jogadores federados pelo America, há alguns casos de duas gerações reunidas no aconchego do lar que se perceberam diante desse desafio. Unidos pela paixão pelo futebol do botão, pais e filhos encontraram uma ferramenta de interação preciosa.

- Bem antes da pandemia, o futebol de mesa já nos aproximava. Poder praticar em casa durante esse período é uma ótima terapia, porque é uma atividade que fazemos juntos. É o momento em que mais conversamos - explica João José Oliveira, o JJ, 59 anos, integrante da vitoriosa equipe rubra, ao lado de um típico adolescente. Gianluca, 13, também é federado pelo Mecão.

O botonista rubro destaca que a atividade atinge positivamente outros aspectos da rotina da casa.

- Pra curtir o jogo, antes vem a disciplina e a organização. Completamos as atividades do dia no horário planejado, arrumamos tudo para criar espaço e montar a mesa e os cavaletes - diz, antes de reforçar que o esporte pode ser praticado por toda a família, sem qualquer tipo de restrição.

- No final, quando estamos jogando, até a mãe do Gian fica assistindo. Quem sabe daqui a pouco até acaba se animando a jogar também?

Oportunidade para todos
Psicólogo especializado em preparação esportiva de alto rendimento, Antônio Vargas reforça os benefícios desse esporte para o núcleo familiar.

- Na situação que estamos vivendo, o futebol de mesa trouxe com ele uma ótima oportunidade de estreitamento dos laços familiares entre gerações diferentes. Além de passar o tempo, é salutar também em outros aspectos, desenvolvendo a ludicidade e a psicomotricidade - destaca Vargas, que também é botonista e vislumbra um possível aumento do número de praticantes em futuro próximo.

- Quando houver vacina efetiva e voltarmos ao convivio social mais intenso, poderemos ter muitos novos botonistas. Poderemos talvez ter criado uma geração que queira jogar mais à sério, em ligas e federações. O entretenimento pode se tornar apreço pelo esporte.

Em tempos digitais, os maiores rivais do botonismo estão nos computadores e nos celulares. A enorme sorte de jogos eletrônicos que hipnotizam a Geração Z não intimidam a confiança de JJ de que a disputa pela atenção do filho será bem concorrida.

- Importante é jogar (botão) periodicamente. O game está ali, fácil, à mão. Só pegar o celular e ligar a televisão. Dá para jogar até deitado. Então, é preciso aquele incentivo para deixar a preguiça de lado, pois na hora do jogo o futmesa é mais divertido, já que só nele você controla 100% das ações - argumenta o pai,  endossado por Gianluca.

- Eu jogo FIFA no videogame e botão. Acho que fazer um gol no botão é mais divertido no videogame, pois tudo depende de você. No outro, é o computador que decide.

Celeiro de craques
O America está na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FEFUMERJ) desde 2002 e pratica duas das modalidades oficiais da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM): o Dadinho e a Bola 12 Toques. Tem vários títulos estaduais em ambas e, no Dadinho, é o atual tricampeão brasileiro de equipes (2017-2018-2019. 

Enquanto os treinos - realizados na AABB da Tijuca até o Mecão ter a sua nova sede - estão interrompidos, as feras rubras têm improvisado, com treinamentos caseiros, assim como fazem JJ e Gianluca.

Marcio Menezes



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